O corpo potente resiste!
Abrigo poético, somos uma obra-acontecimento inacabada!
Em rascunhos… tempestade de ideias surge aproximando o yoga e a arte.
A casa é o nosso corpo, obra-corpo-acontecimento.
Experiências vividas no corpo dos praticantes do yoga e dos artistas são manifestações dessa qualidade, “erupções vulcânicas” que terminam em momentos de pausa, vazio-pleno, silêncio e criação.
Estados de arte vividos no corpo!
Lygia Clark, artista plástica, nos fala de “experimentar o estado de arte – corporificar um novo feixe de sensações, singulares por definição…”.
Algo que acontece não somente na criação artística de algo que chamamos de ‘objeto de arte’, mas também na criação da existência objetiva e/ou
subjetiva de qualquer coisa que possamos chamar de um acontecimento potente, intenso e sensível.
Acontecimento do corpo transformando-se em obra!
Lygia chamou esse tipo de experiência de “atingir o singular estado de arte sem arte”, algo que se experimenta, terreno onde se exerce uma potência sentida em sua sutileza.
Atingir o estado de arte na subjetividade do próprio artista não tem nada de novo, pois é dentro deste estado que o artista cria.
Como artista, já experimentei profundamente esse estado ao realizar minhas colagens.
No yoga, temos a oportunidade de vivenciar e experimentar em nosso corpo esse tipo de acontecimento. Hoje esse estado de arte também é vivido por mim em minhas práticas do yoga.
Quando entramos em experiências profundas do yoga, experimentamos a potência do corpo em criação, principalmente quando realizamos as práticas de pranayamas, bandas e mudras.
Essas técnicas podem nos fazer vivenciar essa sutil, sensível e artística potência do corpo, se manifestando em uma obra-acontecimento, porém ainda inacabada.
Nesses momentos, novas cartografias são criadas, que operam no silêncio de uma nova realidade sensível. Manifestações do corpo em sua plenitude de vida.
É a partir da escuta do corpo vibrátil e suas mutações que o praticante do yoga e o artista, desassossegados no conflito entre a nova realidade sensível e as referências antigas, sentem-se compelidos a criar a nova cartografia para o mundo que se anuncia.
A experiência vivida ganha corpo em sua obra-acontecimento!
A partir dessa tempestade de ideias, surgiu um poema que fala dessa relação entre o corpo/obra-acontecimento e yoga/arte.
Vírus, pandemia, isolamento, lockdown…
TEMPOS DE RESISTÊNCIA
Por Sylvia Sóglia
O corpo potente resiste!
O corpo é um “abrigo poético” das profundezas no que somos.
Somos uma obra-acontecimento inacabada!
Respire profundamente!
Seja atravessado, rasgado, perfurado pelo ar que te penetra.
Respiração!
Entre uma inspiração, uma pausa, expiração.
Entre uma expiração, uma pausa, inspiração.
Espaços vazios!
Nesses momentos novas cartografias são criadas.
Operando no silêncio de uma nova realidade sensível.
O corpo resiste!
Manifestações do corpo em sua plenitude de vida em sua sutil potência!