Por: Sylvia Sóglia
“A vida necessita de pausas.” (Carlos Drummond de Andrade)
Como você está se sentindo hoje?
Hoje o convite é pensar sobre a importância das pausas em nossas vidas.
A natureza tem um ritmo perfeito.
As estações do ano não precisam ser informadas que é hora de se recolher ou de fazer as flores brotarem.
Os frutos não recebem notificações que precisam germinar para depois crescer.
Mas nós, insistimos em correr mais rápido que o tempo, esticando elásticos ao máximo até que se arrebentem.
Quando precisamos apertar o botão do pause na vida?
Você acha que a vida acelerada, corrida e estressante tem feito um chamado para você pausar?
Quando percebermos que o ritmo que estamos levando a vida está fora do nosso controle e não conseguimos respeitar os limites do nosso organismo, sinal de que algo não está bem. Nossas energias automaticamente se esvaem, se desequilibram e se desarmonizam.
Todos nós já sentimos, em algum momento, que nossas energias se modificam.
Estamos cheios dela e de repente nos sentimos cansados, exaustos, esvaziados. Muitas vezes, voltamos a recuperá-la depois de comermos algo ou tirarmos uma soneca, mas com o tempo isso deixa de ser suficiente em nossa rotina, queimamos todas as energias e aí vão surgindo os problemas.
Nosso corpo e a nossa mente precisam ter tempo para relaxar, descansar, repor as energias e estar no silêncio, assim como para as atividades rotineiras.
Se não respeitamos nossos próprios ritmos, as doenças aparecem e elas nada mais são do que um desequilíbrio por não escutarmos o que o nosso corpo e mente necessitam no momento.
Apertando o botão de pause
Dar um tempo para observar, sentir, perceber, silenciar, respirar, caminhar, relaxar,
comtemplar, ler, descansar…
Drummond já nos falou ” a vida necessita de pausas”.
Todos nós sabemos a importância de ter pausas e de ter um momento para si mesmo, mas cada vez mais nos esquecemos disso.
Nas pausas, podemos nos tornar observadores atentos à captura do instante que se revela.
Estar no silêncio dos jardins, das montanhas, perto do mar ou até mesmo no calor do asfalto.
Estar em diferentes paisagens, fotografando com o olhar e com os sentidos o aqui e agora. No exercício da presença, sem pressa, sem expectativas, a vida nos presenteia com sua beleza.
Tudo em nós e em nossa vida é ritmo!
Nós somos seres essencialmente rítmicos; as ondas do nosso cérebro, as batidas do coração, nossa respiração, digestão e o nosso sono.
Tudo na natureza e em nós trabalha em ritmos, ciclos e pulsações.
Se a vida está muito corrida, agitada e estressante é necessário desacelerar e pausar.
Convite, você aceita?
Este é o convite: ter um momento para você mesmo, uma pausa com qualidade.
Se o convite de pausar ainda lhe parece algo distante nesse momento, você pode experimentar durante o dia, fazer pequenas pausas, que podem ser apenas de 5 minutos, mudando o foco do que está sendo feito.
Respirar profundamente, ir tomar um copo d’água, um café ou simplesmente fechar os olhos e ficar em silêncio, somente observando o ar entrar e sair pelas narinas, mas tudo de maneira consciente. Corpo e a mente presentes!
Você já reparou que nossa respiração acontece em quatro tempos?
Um ciclo de inspiração, uma pausa de milésimo de segundo, a expiração e outra pausa de milésimo de segundo. Sim, aí podemos ver claramente nossa natureza rítmica.
Em seguida de maneira livre, aberta e sem julgamentos, faça um momento de checagem interna, sentindo e percebendo, e se pergunte como estou nesse exato momento? Como sinto minha energia? Será que meu corpo pede um copo de água, um girar da cabeça ou um soltar dos ombros? Minha mente necessita de outro foco?
Aceite o desafio, observe, sinta e perceba o que uma pausa na rotina pode fazer por você. E descubra como ela é bem-vinda sempre.
Uma vida autêntica segue fluxos e cores que são únicos, podendo se tornar poesia. Há poesia onde a beleza está presente e para podermos estar neste lugar de encantamento pela vida, necessitamos parar e observar o nosso ritmo e o ritmo do que nos rodeia.
As pausas nos renovam!
O ritmo se reestabelece, as cores voltam e, com elas a motivação para encarar o que está por vir.
Sim, porque o novo só chega após uma pausa.
É preciso romper, dar espaço para os recomeços.
Findar ciclos, finalizar pendências, zerar o relógio e se calar por alguns instantes, deixando o silêncio formular respostas que ainda não temos em palavras e nem em atitudes.
Assim repito e concluo: se não respeitamos nossos próprios ritmos, os problemas, as doenças aparecem.
As doenças nada mais são do que um desequilíbrio, falta de harmonia no nosso corpo e na nossa mente, por não darmos à atenção devida do que eles necessitam no momento presente.
Ouça seu corpo e a sua mente, respeite seus ritmos, ciclos e pulsações. Respeite os seus limites.
Faça pausas, isto é saúde!
“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo de travessia e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.” (Fernando Pessoa)